---Tailândia, 18 de Julho de 1988, 00:28---
-Acho que os conseguimos despistar. - disse Aran, aproveitando para pousar a mulher que carregava ás costas.
-Achas
que ela conseguirá sobreviver? -Perguntou Lawan, olhando com preocupação
e esperança para Daw, a mulher mais corajosa que alguma vez ele
conheceu.
-Eu amo-te... -disse-lhe ela, tentando reprimir um grito, devido ás contrações. -É agora... ele vai nascer agora...
-Nós
estamos a ficar sem tempo, temos que nos despachar. -disse Sunee, a
olhar sempre para trás alarmada, ajoelhando-se em frente a Daw, para a
observar. -O bébé vai nascer agora.
Daw começou a tremer com as contrações, mas foi muito rápido, como se o próprio bébé soube-se que tinham que se apressar.
Segundos
depois ouviu-se o leve choro de um bébé, que foi de imediato posto aos
braços da mãe, como era costume no povo imortal, pois quando um bébé
imortal nasce a mulher mortal que o deu á luz morre quase de imediato. Ninguém
sabe explicar porquê, mas sempre foi assim que aconteceu.
-É uma menina. -disse Lawan, com os olhos marejados de lágrimas.
-A
nossa Wanwisa (Deusa do mar)... -disse Daw, olhando com orgulho para a
nova vida que lhe sorria dos seus braços, e que lhe devolvia o olhar com
os seus olhos côr de mel bem deliniados, e que tinham a caracteristica de que quem os olha-se não consegui-se desviar o olhar enquanto nos lê a alma, olhos que apenas uma imortal
poderia ter.
*Uma rapariga Dragão... -disse Aran a Sunee através do seu pensamento.
*Isso nunca aconteceu no nosso povo... -respondeu-lhe Sunee.
-Continuem á procura! Eles não podem ter ido longe! -ouviu-se gritar cada vez mais de perto.
-Tem de ser agora. É melhor seres tu a levá-la Aran, eu fico com a Daw e Lawan. -disse-lhe, tirando Wanwisa dos braços de Daw, que a largou com relutância, e embrulhando-a no seu casaco para a entregar a Aran.
Assim que Aran recebeu a bébé, começou a correr de imediato, protegendo Wanwisa com cuidado para não a magoar, sabendo que acabava de testemunhar algo grandioso.
-Estamos quase lá Wanwisa. O portal fica no cume da montanha.
Cinco minutos mais tarde Aran parou, pois encontravam-se em frente ao portal, que é visivel apenas para os seres imortais, mesmo que um mortal passe por ele não surte qualquer efeito. Este portal em especial levaria-os para praticamente o outro lado do planeta. Sem olhar para trás Aran atravessou o portal com Wanwisa nos braços.
---Portugal, 18 de Julho de 1988, 00:47 (lembrando que o fuso horário da Tailândia é de sete horas mais tarde em relação a Portugal)---
António estava prestes a voltar para casa depois de mais uma caminhada na sua querida Serra de Sintra, quando deu conta de um leve choro de bébé, vindo do meio da vegetação que circundava a Quinta da Regaleira.
Curioso e ligeiramente alarmado seguiu o som e encontrou, escondido pela folhagem das árvores um bébé embrulhado num casaco verde sujo com sangue, reparou que deveria de ter nascido á poucas horas.
Olhou á volta a ver se encontrava alguém, mas não se via nada nem ninguém á luz do luar. António apressou-se a pegar no bébé e levou-o consigo, de maneira a que ninguém repara-se o que levava nos braços.
-Estás bem entregue pequenina.-susurrou Aran, escondido atrás de uma árvore, e com um sorriso no rosto acrescentou. -Voltaremos a encontrar-nos.
Continua.... :)
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